Adoro pessoas que tem como objetivo desqualificar a tudo e a todos. Infelizmente essa é a prática corrente de qualquer eleição para qualquer coisa aqui no Brasil. É triste pensar que as nossas organizações políticas estão alicerçadas em pouquíssimos argumentos favoráveis a prática política, ou ainda, a colaboração na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O problema da corrupção é só a ponta do iceberg, de nada adianta a gente se focar APENAS nisso, como se as outras coisas envolvidas na atividade política não fossem importantes para a sociedade. Se tudo continuar do jeito que está, a discussão que faz-se necessária para o avanço da sociedade não vai ocorrer, fazendo com que nós, população brasileira rendida a um turbilhão de informações, nos esqueçamos de pensar uma restruturação efetiva das nossas condições de vida.
A mídia podre que temos, só tem a agradecer aqueles que se dizem um meio único de contestação, ou ainda que se dizem justos, pois em primeiro lugar, as coisas realmente importantes para a sociedade são deixadas de lado como se o que se importasse fosse somente os problemas de corrupção que o Brasil tem. Nesse sentido, dizer que algumas pessoas que se dizem políticas são, ao fim ao cabo, literalmente apolíticas não pode ser considerado um xingamento, pois realmente não querem procurar entender os movimentos que ocorrem no âmago de nossa sociedade. É como se dissessem que fazem parte da política e ao mesmo tempo estão fora daquilo que é a atividade política. Conversando esses dias com um colega, chegamos a conclusão de que nenhuma das chapas candidatas a nova Gestão do DCE leva em consideração os verdadeiros anseios da sociedade estudantil da UFRGS. A maioria das coisas que são defendidas nos panfletos são questões que não são concernentes aos problemas universitários, fazendo com que a eleição do DCE leve em consideração alguns aspectos que não são relevantes as nossas dificuldades e problemas que temos por aqui. O que me faz pensar, em segundo lugar, por qual motivo mesmo temos eleições para o DCE? Parece que o foco é ainda a organização política partidária (ou seja, não necessariamente política no sentido de se pensar uma organização humana que leve em consideração o seu bem estar). Tudo gira em torno daquilo que é considerado bom tendo em vista uma orientação (seja esquerda ou direita). Por esse motivo acredito que devemos repensar o que é um DCE, o que é uma organização política, o que é a política em si, e parar com esse draminha de que existe o bonzinho e o malzinho, e que se você não assumir uma posição você é um ser apolítico (huahuahauahuahau).
Em terceiro, finalmente, a única coisa que gostaria de entender, e que até hoje não entendi, é até que ponto ser apartidário garante a lisura de um processo no interior de uma organização pública: ser apartidario é não ter um partido pelo qual realmente nos identificamos e que portanto, não seguimos certos modelos de ação que os partidos fazem uso. Em que sentido isso poderia ser bom para uma instituição? Em nenhum, também não poderia ser considerado ruim. Algum otário poderia vir me perguntar: - Você não percebe que o partido político manipula as decisões dentro da instituição? Eu vou responder perguntando: - Você não consegue distinguir uma instituição pública de um partido político? É claro que a pessoa vai me dizer que o partido político é x e a instituição é y, mas não vai conseguir me explicar em que sentido uma pessoa aliada a um partido político vai levar em consideração apenas aquilo que o partido quer (parece que virou uma lei, ideia essa sustentada pela nossa mídia).